Complexo teníase-cisticercose

A teníase e cisticercose são infecções produzidas pelas fases adulta e larvária dos helmintos da família Taenidae, duas espécies afetam comumente os humanos sendo essas: Taenia solium e Taenia saginata. Essas são consideradas prejudiciais à saúde pública, um problema que prevalece em locais onde não existe saneamento básico, péssima condição sanitária além de condições socioeconômicas ambientais, que favorecem a infecção. A transmissão geralmente ocorre em áreas, urbanas e rurais.
Nos países onde ocorre o consumo de carne de porco com alta cargade parasitismo, a prevalência da cisticercose é consequentemente alta. Esta parasitose pode ser encontrada na África, Ásia, Europa e América, sendo que o México e o Brasil são os países que apresentam as maiores frequências do continente Americano. Nos países desenvolvidos, a ocorrência é maior nos imigrantes provenientes de áreas endêmicas.
As tênias são divididas em três partes: escoléx colo e estróbilo. O escoléx ou a cabeça da tênia é caracterizado por uma pequena expansão de tamanho aproximado de 1 mm na T. solium e 1 a 2 mm de diâmetro na T. saginata. A função desta região anatômica é a fixação do parasito na mucosa intestinal. Em número total de 3 ventosas em cada escoléx em ambas as espécies, seu formato é diferente em cada uma: a T. solium possui um rostelo situado entre as ventosas e este possui diversos acúleos; a T. saginata não possui rostelo e sua escoléx é quadrada. O colo é a região mais fina do cestódeo, tem a característica de alta atividade celular, é aonde crescem novas proglotes.
Os estróbilos são a parte logo ao colo, cada estróbilo formado é denominado de proglote a T. solium pode ter de 800 a 1000 anéis com tamanho máximo de 3 m e a T. saginata pode ter mais de 1000, atingido o tamanho de 8 m. nelas estão localizados seus órgãos genitais masculino e o feminino. Cada estróbilo funciona como uma unidade independente e são divididas em jovens, maduras e grávidas. As proglotes jovens são de tamanho curto maior que largo, e possuem o início do desenvolvimento do órgão sexual masculino; as maduras têm os órgãos sexuais já desenvolvidos, prontos para reproduzir; as grávidas estão mais distantes da cabeça do parasito, possuem uma série de ramificações e estão cheias de ovos.
Os ovos de T. solium e T. saginata são praticamente iguais e não podem ser diferenciados. Medem 30 micrômetros de diâmetro, e possuem uma casca feita de quitina que protege o ovo. O embrião possui três pares de acúleos e é formado por membrana dupla. Estes ovos são os responsáveis pela origem da cisticercose nos humanos. A casca protetora é sensível à pepsina.
O cisticerco da T. solium é constituído de uma pequena bexiga, que deixa a passar, com líquido translúcido. Dentro dela, existe uma cabeça de tênia com as quatro ventosas com rostelo e colo já formados. T. saginata é semelhante, porém, não contém rostelo.
A contaminação pela tênia ou popularmente conhecida como solitária se da pela ingestão de carne bovina ou suína crua ou malcozida contaminada por cisticercos, que podem ser conhecidos como canjiquinha que são as formas larvares do parasito. A larva tem desenvolvimento rápido, onde após três meses atinge a forma adulta, causando teníase. A doença e caracterizada pela eliminação de proglotes gravidas contendo ovos do parasito pelas fezes. Uma vez eliminado ovos nas fezes há a contaminação do ambiente. Pode ser provocada tanto pela T. solium e T. saginata encontradas na carne suína e bovina respectivamente. A doença e praticamente assintomática, e o paciente só percebe que esta com a doença quando observa as proglotes nas fezes, o que pode demorar muito tempo.
A cisticercose e causada pela forma larvária metacestóide da T. solium, causada pela ingestão de ovos de tênia. Essa ingestão e acidental e o homem assume a condição de hospedeiro intermediário. A contaminação se da por autoinfecção, quando, por movimentos peristálticos, as proglotes gravidas vão para o estomago ou quando há a ingestão de ovos eliminados nas fezes, ou por contaminação cruzada, quando ingere ovos eliminados por outra pessoa. Após a ingestão dos ovos, aderem-se as microvilosidades do intestino, ganhando a circulação, e infectam diferentes órgãos do corpo. Nos suínos normalmente os cisticercos se alojam na musculatura estriada. Há um grande tropismo pelo sistema nervoso central, onde desencadeiam reações inflamatórias, causando a forma mais grave da doença.
O diagnóstico de teníase geralmente é feito através da observação de proglotes nas fezes ou pela presença de ovos no exame de fezes. Porém tem seu diagnóstico dificultado pela baixa sensibilidade dos métodos laboratoriais subestimando o número verdadeiro de portadores transmissores. O diagnóstico da neurocisticercose se faz através de exames de imagem (Raio X, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética de cisticercos calcificados).
Alguns programas de controle da cisticercose bovina e suína são realizados a fim de identificar a ocorrência da doença. Esses programas consistem em diagnosticar a doença em animais abatidos em frigoríficos para que, ao se comprovar a ocorrência, técnicos da área possam visitar os criatórios e esclarecer como se dá as medidas preventivas e corretivas de forma a interromper o ciclo do parasito e erradicar a doença.
Há também programas voltados para orientação da população em relação aos hábitos higiênicos de modo a evitar a disseminação da doença através da contaminação de animais e humanos por meio da contaminação do ambiente por fezes contaminadas.
Em relação à profilaxia, é importante se manter os cuidados com a higiene pessoal, lavar bem os alimentos e ingerir carne somente bem cozida. O saneamento básico é uma forma de prevenir a disseminação da doença visto que a contaminação do ambiente é fortemente responsável pela disseminação e contaminação de animais através da ingestão dos ovos do parasito.
Como já dito, a teníase e cisticercose são infecções produzidas pelos helmintos da família Taenidae e duas espécies afetam comumente os humanos sendo essas, Taenia solium e Taenia saginata cada um com seu ciclo de vida e biomorfologia particulares:
T. saginata: Cada proglote grávida contem em torno de 80.000 ovos, um paciente parasitado contamina o meio com cerca de 700.000 ovos por dia. O embrião hexacanto só abandona seu envoltório no interior do tubo digestivo dos hospedeiros intermediários (bovinos), ou também podem parasitar as renas (raramente). Quando o gado ingerir os ovos, ocorrerá a eclosão e o embrião será ativado pela ação do suco gástrico e da bile, a oncosfera irá penetrar na mucosa intestinal e ganhará circulação sanguínea. Em seguida irá se desenvolver no tecido conjuntivo dos músculos esqueléticos e cardíaco, alguns cisticercos irão se desenvolver no tecido gorduroso e no parênquima de alguns órgãos.Após duas semanas de infecção os cisticercos de T. saginata, também conhecido como Cysticercus bovis já podem ser visíveis a olho nu, medem entre 2mm a 5mm de diâmetro. A capacidade infectante para o hospedeiro definitivo só irá ocorrer após aproximadamente 10 semanas. Os cisticercos possuem longevidade curta, em algumas semanas depois, as larvas começam a se degenerar no gado.
T. solium: O verme mede em geral de 1,5 a 4 metros e fica implantado no início do jejuno.Normalmente, porco será o hospedeiro intermediário da T. solium, portanto este helminto também tem como hospedeiro intermediário anormal o homem, cão, gato e macaco. A oncosfera será liberada na luz do intestino devida à ação do suco gástrico e da bile, irá ocorrer a penetração da larva na mucosa, que irá ganhar a circulação, e será levada ao lugar de implantação definitiva. O cisticerco de T. solium irá se desenvolver preferencialmente no músculo esquelético e cardíaco dos suínos.

Referências:

REY, L. Parasitologia. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

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